sábado, 21 de fevereiro de 2015

OBJETO SUJEITO




você nunca vai saber 
quanto custa uma saudade 
o peso agudo no peito 
de carregar uma cidade 
pelo lado de dentro 
como fazer de um verso 
um objeto sujeito 
como passar do presente 
para o pretérito perfeito 
nunca saber direito 
você nunca vai saber 
o que vem depois de sábado 
quem sabe um século 
muito mais lindo e mais sábio 
quem sabe apenas 
mais um domingo 
você nunca vai saber 
e isso é sabedoria 
nada que valha a pena 
a passagem prá pasárgada 
xanudu ou shangrilá 
quem sabe a chave 
de um poema 
e olha lá…

Paulo Leminski,
in Toda Poesia

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