terça-feira, 16 de dezembro de 2014

RITOS QUE AS HORAS CALMAS...




Ritos que as Horas Calmas 
      Ao entardecer 
Fazem com as almas 
      Sem se conhecer... 
E que em voos de ânsias 
      Põem espirituais distâncias 
Entre olhar e ver.

Turíbulos que a Tarde 
      Oscila no ar 
Donde a névoa arde 
      Cor desde cansar... 
Arco dos balanceados 
Turíbulos os raios do sol fechados 
      Na destreza do ar

Fim de missas no Poente 
      Bênçãos ainda são 
Luz branca e cinzas entre 
      Terra e coração 
Saem os fiéis p’la aberta 
Porta da paisagem que se deserta... 
      ...Sinos sem perdão...


 
Fernando Pessoa
In Poesia 1902/1917


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