sexta-feira, 7 de março de 2014

BALADA DE SEMPRE



Espero a tua vinda,
a tua vinda,
em dia de lua cheia.
Debruço-me sobre a noite
inventando crescentes e luares.
Espero o momento da chegada
com o cansaço e o ardor de todas as chegadas.
Rasgarás nuvens, estradas,
abrindo clareiras
nas vielas de ciladas.
Saltarás por cima de mares,
de planícies e relevos
— ânsia alada
no meu desejo imaginada.

Mas…
enquanto deixo a janela aberta
para entrares,
o mar,
aí, além,
lambe-me os braços hirtos, braços verdes,
algas de sonho,
…e desenha ironias na areia molhada.



Fernando Namora,
de As Frias Madrugadas,
Editora Arcádia, Lisboa





Nenhum comentário:

Postar um comentário